quinta-feira, 3 de abril de 2014

Atletas de games ganham R$ 3 mil por mês e jogam até 14 horas por dia

Levar a vida jogando games profissionalmente está se tornando realidade no Brasil. O país viu em 2013 um salto de nível no seu cenário de esportes eletrônicos graças ao crescimento do jogo on-line "League of Legends". Campeonatos nacionais podem distribuir até US$ 30 mil (R$ 68 mil) em premiação. Desde então, jovens de todo o país têm mudado de cidade e até trancado a faculdade para viver em inéditos centros de treinamento, jogar até 14 horas por dia e ganhar R$ 3 mil (em média) por mês. Assista o vídeo neste link ( LINK~ )

No último ano, quatro equipes de São Paulo ganharam "gaming houses". Elas são casas onde os jogadores moram e treinam: um CT gamer. É lá que os ciberatletas se preparam para participar de torneios com um objetivo em comum: o mundial de "League of Legends", campeonato que já garantiu ao time vencedor - o sul-coreano SK Telecom T1 - US$ 1 milhão (R$ 2,3 milhões).
A rotina desses jogadores profissionais pode dar inveja em muita gente que acorda cedo. O horário máximo para levantar costuma girar em torno das 11h e a ida para a cama sempre é depois da meia-noite. Após a primeira refeição do dia, o expediente é de até 14 horas na frente do PC assistindo a partidas, estudando adversários e travando combates acelerados, porém estratégicos, em "League of Legends". No game de batalhas on-line (Multiplayer Online Battle-Arena ou MOBA), são montadas equipes de cinco jogadores e cada um escolhe um Campeão, como são chamados os personagens, para lutar em uma grande arena. Como cada um possui habilidades e características, há grande importância na escolha do herói e na composição da equipe.
"Quando você é criança, sempre se imagina jogando videogame pela vida inteira", diz Matheus "Mylon" Borges, 17 anos, membro da equipe KeyD Stars. "Só que eu nunca me imaginei jogando profissionalmente 'League of Legends'. E não é nem uma coisa que minha mãe ou meu pai esperariam".

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Mas é prudente esperar. Apesar de o Brasil não ter as cifras milionárias de regiões tradicionais nos esportes eletrônicos, como Ásia, Europa e América do Norte, jogadores que se profissionalizaram nos games têm conseguido ganhos mensais que ultrapassam R$ 3 mil quando somados salário, patrocínios, participação nas premiações e transmissões de partidas pela plataforma on-line Twitch, serviço dedicado ao streaming de jogos.

Segundo Renan Philip, 19 anos, técnico e empresário da KeyD, os ganhos pelo Twitch muitas vezes superam o próprio vencimento dos ciberatletas e podem render de R$ 1 mil a mais de R$ 10 mil aos jogadores, dependendo da quantidade de publicidade exibida e da base de espectadores dos canais. "O que a gente dá mais é estrutura", diz.
Esse também é o caso do CNB, equipe que venceu o Desafio Internacional de "League of Legends" durante a feira BGS 2013, levou o prêmio de US$ 15 mil (R$ 34 mil) e inaugurou em março seu CT na região do Jabaquara, Zona Sul da capital paulista. Cada jogador recebe um salário de cerca de R$ 800, mas consegue ganhar de R$ 1 mil a R$ 2 mil adicionais dependendo do tempo de transmissão.
"Por eles serem referência na modalidade, muitas pessoas têm interesse em vê-los jogarem", comenta Cleber Fonseca, 23 anos, empresário do time. "Então eles fazem transmissões jogando uma partida 'brincando', só que essa brincadeira é em alto nível. Isso gera muitas visualizações e chega a ter 10 mil pessoas assistindo".


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Todos esses jovens, no entanto, foram motivados pelo fator competitivo desses games. No caso de "League of Legends", o cenário nacional foi beneficiado pela chegada oficial do game em agosto de 2012 e a inauguração do servidor brasileiro em fevereiro de 2013. Com menos latência de rede, a conexão das partidas ganhou qualidade e permitiu o melhor desempenho dos jogadores nacionais, o que por sua vez atraiu premiações mais generosas e gerou a necessidade de centros de treinamento.


A equipe Kabum, criada em agosto de 2013 pelo varejista on-line de mesmo nome, é outra que recentemente reelaborou sua "gaming house" em Limeira, no interior de São Paulo. Ela, CNB, KeyD e Pain Gaming formam o quarteto de times de elite do cenário nacional atual de "League of Legends".
Gabriel "Revolta" Henud, 19 anos, que se mudou do Rio de Janeiro para jogar em São Paulo com sua equipe, o CNB, conta que o treino presencial faz diferença na hora de corrigir os erros do time. "Vemos [nos replays] o acerto dos outros, então vamos saber como lidar com todas as situações. Isso é mais difícil quando não se está em um CT porque não estamos ali conversando e vendo a mesma coisa ao mesmo tempo".
Recém-reformulada com a contratação de dois jogadores da Coreia do Sul, país referência nos eSports, a KeyD Stars se mudou em fevereiro para sua "gaming house" na Vila Maria, Zona Norte de São Paulo. Para o técnico e empresário Philip, o centro de treinamento é essencial para quem quer se destacar. "Sem o CT, seus jogadores não vão conseguir ter a convivência necessária para formar uma equipe vencedora, mesmo com o talento que a gente tem", diz. "Quando todos moram juntos, vivemos o jogo 24 horas por dia".

por Pablogelo, fonte: G1/Globo

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