quinta-feira, 24 de abril de 2014

Nos EUA, fãs de videogame disputam 'jogo' feito com trotes para a polícia

Gamer teria feito ligação falsa para a emergência após perder partida.
Modalidade de trote é conhecida como 'swatting'.


Por volta das 15h da última terça-feira (22), a polícia de Long Beach, em Nova York, recebeu uma ligação afirmando que um jovem teria atirado em membros de sua família, e que planejava assassinar outras pessoas em seguida. Mais de 60 policiais foram mobilizados até o local da suposta ocorrência, além de helicópteros,  uma equipe inteira da SWAT, o batalhão de operações especiais dos EUA, além de negociadores de reféns.
Chegando lá, os policiais encontraram Rafael Castillo, de 17 anos, que seria o “autor” dos disparos. Ele estava jogando videogame e o chamado, claramente falso, fazia parte da modalidade de trote chamada “swatting” - uma espécie de jogo irresponsável no qual os pontos são calculados de acordo a resposta dada pela polícia diante de uma falsa ocorrência.
Equipe de policiais do condado de Nassau entra na casa de jovem, baseada em uma ligação alertando sobre um jovem armado. O rapaz, de 17 anos, havia sido vítima de um trote, conhecido como 'swatting' (Foto: Newsday, Jim Staubitser/AP)Equipe de policiais do condado de Nassau entra na casa de jovem, baseada em uma ligação alertando sobre um jovem armado. O rapaz, de 17 anos, havia sido vítima de um trote, conhecido como 'swatting'
(Foto: Newsday, Jim Staubitser/AP)
Nesse tipo de trote, perdedores de partidas de games online, como “Call of Duty”, têm obtido o máximo de informações pessoais a respeito do jogador que haviam enfrentado, e fizeram ligações para a polícia denunciando falsos crimes que teriam ocorrido na casa do vencedor.

“A pessoa [que fez a ligação] ganha pontos por helicópteros, carros de polícia, times de SWAT ou de acordo com o tipo de invasão da residência. É algo muito sofisticado e, infelizmente, muito perigoso”, explicou o comissário de polícia de Long Beach, Michael Tangney, completando que as autoridades agora buscam os autores da chamada falsa, de acordo com a emissora “CBS”.

“Tive ideia na hora do que se tratava, porque vi isso no noticiário”, contou Rafael ao jornal “New York Post”, relembrando que ouviu o irmão dizer que havia “diversos policiais procurando por ele do lado de fora do seu quarto", em uma operação que durou cerca de 90 minutos e que deixou os vizinhos da família bastante assustados.

“Se determinarmos quem fez essa ligação, haverá prisões. Estou muito nervoso, é um tremendo desperdício de dinheiro público, um perigo para as autoridades”, declarou Tangney, lembrando que casos semelhantes têm ocorrido em estados como Texas, Colorado e Washington.

O governador do estado da Califórnia, Jerry Brown, chegou a assinar uma lei em setembro de 2013 obrigando os culpados por ligações falsas a arcarem com todos os custos de operação policial em vão.
G1 testou modo multiplayer de 'Call of Duty: Ghosts' (Foto: Reprodução/G1)Modo multiplayer de 'Call of Duty: Ghosts' (Foto: G1)
Prisões
O termo “swatting” foi citado pela primeira vez pelo FBI em 2008 como “um novo fenômeno”, após uma investigação realizada desde 2005 e que culminou na prisão de uma “gangue” de cinco jovens responsável por uma série de trotes.
À época, a denominação já era utilizada para designar chamadas aos serviços de emergência, que geralmente resultavam na mobilização de equipes da SWAT para falsas ocorrências. No entanto, esta é a primeira vez que esse tipo de crime é associado com ganhadores e perdedores de jogos online.

No ano passado, diversos casos de falsas chamadas para serviços de emergência surgiram, envolvendo principalmente residências de celebridades e ligações feitas de maneira coordenada.
Com intervalos de poucas horas, a polícia recebeu ligações supostamente vindas de vizinhos de Justin Timberlake, Selena Gomez, Ashton Kutcher e Justin Bieber, todas envolvendo relatos de disparos de tiros ou incidentes com morte, conforme apontou o jornal “LA Times”.

Outro caso famoso envolvendo “swatting” ocorreu no estado de Massachusetts, quando o hacker Matthew Weigman, de 19 anos, foi condenado em 2009 a 11 anos de prisão após realizar diversas falsas chamadas de emergência, e direcionar equipes da polícia para residências de pessoas de quem não gostava. 
Do G1, em São Paulo

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